domingo, 20 de junho de 2010

Tim Lopes é enterrado ao som de Canção da América

Restos mortais do repórter Tim Lopes, da Rede Globo, foram enterrados, dia 07 de julho de 2002 no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na região oeste do Rio. Cerca de 150 pessoas, entre parentes, amigos e colegas de trabalho despediram-se do jornalista ao som da música Canção da América, de Milton Nascimento, interpretada pelo cantor Ângelo Lourenço, de 15 anos na época, revelado por Lopes numa de suas reportagens.
O jornalista foi preso, julgado, assassinado e teve o corpo queimado por traficantes da quadrilha de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, em 2 de junho de 2002. Tim Lopes foi capturado na Favela Vila do Cruzeiro, no Complexo do Alemão, quando fazia uma investigação sobre um baile funk em que haveria exploração sexual de menores e consumo de drogas. O exame de DNA em 43 fragmentos de ossos encontrados em um cemitério clandestino no Morro da Grota, local em que o jornalista foi executado, revelou que uma costela pertencia ao repórter da Rede Globo. O resultado foi divulgado na sexta-feira. "Assim como da costela Deus fez surgir a humanidade, que esse símbolo aqui presente possa fazer surgir o novo na segurança pública do Rio de Janeiro. Cristo te constituiu e na eternidade te acolhe", afirmou o frei Davi Raimundo dos Santos, amigo do repórter. O cunhado de Tim Lopes, André Martins disse que a família se sentiu aliviada com a identificação. "Ficávamos sempre na incerteza, achando que o vulto na esquina poderia ser o Tim. A certeza da prova técnica nos tranqüiliza", afirmou. A mulher do jornalista, Alessandra Wagner, o filho dele, Bruno, e a mãe, Maria do Carmo, não fizeram comentários. Além de amigos, estiveram no enterro pessoas entrevistadas por Tim Lopes. Um deles foi o empresário paulista Masataka Ota, que teve o filho Ives seqüestrado e morto em São Paulo, em 1997. Ota participou do quadro do Fantástico Frente a frente, em que parentes de vítimas da violência encontravam-se com os criminosos. "Tim Lopes me ensinou que perdoar é o melhor caminho. Quis trazer um pouco de alívio para a família dele também", disse. Ota entregou um livro sobre a vida de seu filho à mãe do jornalista. VELÓRIO - Tim Lopes foi velado até as 15h na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Centenas de pessoas passaram pelo salão nobre para se despedir do jornalista. O prefeito Cesar Maia foi a primeira autoridade a chegar. "A maior demonstração de existência de poder paralelo foi o fato de o Tim ter sido julgado", disse o prefeito, que defendeu o aumento de policiamento nas ruas. O caixão deixou a Alerj às 15h. Todo o trajeto de 40 quilômetros até o cemitério Jardim da Saudade estava fortemente policiado. Policiais militares ocuparam o acostamento da Avenida Brasil e também as passarelas. GOVERNADORA - A governadora do RJ, Benedita da Silva, o secretário de Segurança, Roberto Aguiar, o chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, e o comandante da Polícia Militar, Francisco Braz, estiveram no cemitério. Eles não falaram com a imprensa. O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Nacif Elias, tem reunião hoje com a governadora. Ele disse que vai cobrar empenho na prisão de Elias Maluco e outros três traficantes suspeitos do crime, que estão soltos. Quatro foram presos. "Os ideais do Tim não serão sepultados com ele. Nós jornalistas temos de nos comprometer a levar os ideais dele avante, para transformar o Rio numa ilha de paz e amor. Que Deus nos abençoe", disse Nacif. (AE).


Desde a morte de Tim Lopes, inúmeros protestos e caminhadas contra à violência foram realizada no Brasil, usando o nome do jornalismo como sinônimo desta luta


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