domingo, 20 de junho de 2010

Nota de Repúdio de Família Lopes

Com uma morte tão trágica e um certo descaso das autoridades, a família de Tim Lopes mostrou sua revolta com carta publicada ], dias depois do falecimento do jornalista.

"Desde a primeira vez em que o inspetor Daniel Gomes abriu a boca para os seus “15 minutos de fama” sobre o desaparecimento de Tim Lopes no Complexo do Alemão, afirmando, quase como vidente, que o repórter havia sido morto, que nós, da família de Tim, comentávamos sobre a necessidade do afastamento desse inspetor.

Sua performance na mídia não ajudava em nada as investigações e buscas que se iniciavam. Ao contrário, suas avaliações geravam em nós, os mais indesejáveis e temidos resultados que a realidade “antes vista” por Daniel, viria a se confirmar.

Daniel que, como ele mesmo anunciou, “era amigo de Tim e juntos já haviam trabalhado em outras ocasiões”, certamente não conhecia nem o repórter e menos ainda o homem Tim Lopes. Foi, porém, um de seus contatos. Aliás, de quem sempre manteve e preservou o distanciamento recomendado pela ética profissional.

A julgar, pelas conclusões a que chegou, no inquérito sobre o desaparecimento e morte do jornalista Tim Lopes, nossas preocupações eram perfeitamente pertinentes, mesmo na condição de leigos em investigação policial.

Ninguém em sã consciência e com um mínimo de respeito à vida, aceitará tais conclusões!

Nós, da família de Tim Lopes – mãe, irmãos, sobrinhos e cunhados -, repudiamos as conclusões de Daniel e sugerimos que a Corregedoria de Polícia Civil intervenha imediatamente, visando identificar quais motivações levaram o inspetor a um disparate dessa natureza.

É preciso tornar claro quais forças ocultas ou visíveis levaram o ex-contato de Tim Lopes a não lhe garantir a segurança necessária para mais um de seus trabalhos investigativos na Vila Cruzeiro.

Pelo que sabemos, o Inspetor–contato, sabia do trabalho que estava sendo feito. Isto nos foi dito pelo próprio Tim , em almoço comemorativo do “Dia das Mães” desse ano, ocasião em que informou sobre a reportagem dos bailes “funk” da Vila Cruzeiro e afirmou - diante de nossas preocupações com o perigo que isso representava - que a polícia contava com pessoal qualificado e de grande confiança!

Possivelmente devido a grande quantidade de assassinatos sob suas averiguações, o Inspetor resolveu formatar parecer para agilizar procedimentos. Sendo isto verdadeiro, Daniel não apenas banalizou a polícia técnica investigativa, como mais ainda, banalizou a vida.

Quanto à banalização da vida, encontrada nas conclusões docaso TIM LOPES, queremos dizer: banalizou a vida dos outros! Talvez por isso mesmo nenhum outro caso tenha gerado repercussão!

Concluir o processo de investigação do caso TIM LOPES da maneira e com a argumentação que se conhece não significa somente o despreparo da equipe que cuidou do caso. Ficamos com a sensação de que algo mais forte e, possivelmente, previsível, acontece na periferia do “funk” da Vila Cruzeiro.

Quanto à repercussão do caso TIM LOPES, que ela sirva de inspiração para as reformas e mudanças que possam se apresentar. Não tentem encontrar nela a cura de “egos feridos”, que buscam inconscientemente denegrir, ofender e macular a imagem de TIM LOPES, construída ao longo de seus mais de 30 anos de puro jornalismo."



Família de TIM LOPES.

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