domingo, 20 de junho de 2010

Os planos de Tim Lopes



Cansado, ele planejava fazer reportagens mais leves


Tim trabalhava há seis anos na TV Globo e dizia se espelhar no repórter Octávio Ribeiro, o Pena Branca, que morreu em 1986, aos 54 anos. Tim o considerava um mestre. No momento, Tim escrevia, em parceria com Alexandre Medeiros, o livro “Eu sou o samba”, baseado numa série de entrevistas com sambistas cariocas consagrados. Os dois eram vizinhos em Copacabana.


Assim que entrou de férias, após ganhar seu primeiro prêmio Esso com a reportagem “Feirão do Pó”, da Globo — o primeiro prêmio Esso concedido na categoria TV — em que denunciava a venda de drogas em vários pontos do Rio, Tim Lopes tinha uma preocupação: descansar em algum lugar distante da agitação e da violência do Rio. Procurou amigos e pediu indicação de pousadas no interior.
Quanto mais no meio do mato, melhor - disse Tim Lopes

Com os amigos, ele já mostrava cansaço. Chegou a comentar que estava “enxugando gelo”, porque o tráfico vinha tomando proporções alarmantes na cidade, apesar das denúncias que a imprensa, inclusive ele, vinha fazendo. Lamentava a falta de ação das autoridades e reclamava a ausência de medidas sociais e de programas educacionais que ajudassem a solucionar o problema das drogas. Demonstrava uma preocupação muito grande com o envolvimento das crianças no tráfico. Mas em nenhum momento mencionou medo dos traficantes por causa do seu trabalho, embora tenha revelado a intenção de preparar reportagens mais leves, sobre meio ambiente. Não conseguiu.

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